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Cotidiano
Centro construído em um prédio de três andares e com 7.885 metros quadros, aguarda ainda a chegada dos equipamentos para produzir os imunizantes
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Coronavac | Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A obra da nova fábrica de vacinas do Instituto Butantan está, enfim, finalizada. A previsão inicial de construção do Centro Multipropósito para Produção de Vacinas (CMPV) era o final de setembro de 2021, mas houve um atraso na finalização, e a obra só foi completada no final de 2021.
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Apesar de concluído o prédio, a produção nacional da vacina Coronavac – e de mais outras sete vacinas, dentre elas raiva, HPV e hepatite –, não deve deslanchar tão cedo. O novo centro, construído em um prédio de três andares e com 7.885 metros quadros, aguarda ainda a chegada dos equipamentos para produzir os imunizantes.
Para a obra civil, o Instituto Butantan recebeu financiamento de 35 empresas que fizeram doações por meio do Comunitas, organização civil que ficou responsável por capitanear recursos privados para a construção em parceria com o governo estadual, em um total de R$ 189 milhões.
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De acordo com o instituto, no momento e nos próximos meses será feita a instalação de equipamentos e maquinários que são, em sua maioria, importados, o que reflete também no atraso.
A etapa seguinte é de automação e depois certificação pelos órgãos competentes.
A estrutura física do local já existia – fica no espaço onde deveria ser uma fábrica de hemoderivados do instituto, que nunca foi adiante. Ela teve que ser remodelada e adaptada para a produção de vacinas.
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Para isso, é preciso a construção de laboratórios de biossegurança de nível 3, onde se manipula material biológico infectante, no caso vírus e bactérias.
Além das especificidades necessárias nesse caso, a produção em escala de imunizantes passa por um rígido controle de qualidade. No país, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) faz visitas à fábrica e dá o aval para a produção, o chamado certificado de Boas Práticas de Fabricação (BPF). Isso garante que diferentes lotes da vacina tenham o mesmo perfil de qualidade e segurança.
Como essa etapa depende do início da produção de lotes piloto, é normal ter atrasos. Para especialistas na produção de vacinas, irreal é prometer prazos precisos em casos assim.
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Pessoas que conhecem bem o processo de fabricação de vacinas no instituto falaram com a reportagem, sob condição de anonimato, para explicar alguns dos erros que podem acontecer na construção de uma fábrica. Um dos exemplos é o chamado escape laboratorial de vírus. Outro seria a contaminação cruzada por outros patógenos e microrganismos na produção da vacina.
Além disso, é preciso ter o vírus original para cultivar em biorreatores, no caso da Coronavac, ou em outro tipo de material – algumas vacinas para Covid são cultivadas, por exemplo, em células chamadas Vero, que são uma linha celular obtida a partir do rim de macaco verde na década de 1960.
No momento, o instituto possui 15 milhões de doses do imunizante parados, produzidos com IFA chinês e envasados na fábrica paulista. As doses, que foram recusadas pelo Ministério da Saúde para a campanha de vacinação contra a Covid-19, seguem sem destino certo.
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Uma possível via de utilização dessas vacinas, de acordo com o diretor do instituto, Dimas Covas, seria para a imunização das crianças, caso haja a aprovação da Anvisa para a Coronavac entre aqueles de 3 a 17 anos. Até o momento, o imunizante recebeu autorização de uso emergencial em pessoas acima de 18 anos.
Caso haja a autorização, a produção nacional de doses do imunizante é a grande aposta do instituto em 2022. Um ano após o início da vacinação contra Covid no país, quando a vacina de vírus inativado foi a grande protagonista nos primeiros meses de campanha, o uso do imunizante no país despencou para menos de 10%, conforme mostrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
A aplicação da Coronavac para o público infantil pode ampliar a projeção nacional do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pré-candidato à Presidência.
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O uso da Coronavac na campanha de vacinação teve altos e baixos, com várias disputas com o governo federal, que primeiro rejeitou a vacina, depois firmou um acordo que foi desautorizado por Bolsonaro, em um episódio que ficou conhecido como guerra das vacinas.
O Ministério da Saúde só anunciou a inclusão do imunizante chinês no plano nacional em 15 de dezembro de 2020, cerca de seis meses após ter anunciado o acordo com a Oxford/AstraZeneca e a Fiocruz.
A pasta da saúde firmou um acordo para compra de 100 milhões de doses da Coronavac. Até o final de novembro, 82,4 milhões de doses tinham sido aplicadas no Brasil na população acima de 18 anos.
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Nesta semana, a Anvisa deve decidir se libera o uso da Coronavac em crianças.
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