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Cotidiano

Imunidade gerada por resfriado pode proteger contra Covid, aponta estudo

Na última segunda-feira (10), um estudo publicado pelos pesquisadores do Imperial College de Londres achou uma resposta protetora após um resfriado para a infecção do Covid

12/01/2022 às 13:19  atualizado em 12/01/2022 às 13:21

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O vírus influenza A H3N2

O vírus influenza A H3N2 | Brittany Colette/Unsplash

A resposta protetora gerada por células T de defesa após um resfriado comum pode impedir a infecção pelo vírus Sars-CoV-2 e, consequentemente, proteger contra a Covid-19.

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Esse é o principal achado de um estudo feito por pesquisadores do Imperial College de Londres e publicado na última segunda (10) no periódico científico Nature Communications.

A pesquisa contou com 52 participantes que viviam em conjunto com pessoas que tiveram diagnóstico confirmado de infecção pelo Sars-CoV-2. Dessas, 26 apresentaram um resultado negativo no teste RT-PCR para o coronavírus, e a outra metade, um resultado positivo.

O principal objetivo do estudo era verificar se as pessoas com o resultado negativo tinham células de defesa no organismo contra o vírus. 

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Os indivíduos que foram expostos ao Sars-CoV-2 fizeram exames do tipo RT-PCR no primeiro dia após exposição e depois no quarto e sétimo dias. Amostras de sangue foram colhidas entre o primeiro e o sexto dias após a exposição para analisar a presença de células T já existentes no organismo após uma infecção por um vírus do resfriado comum.

Naquelas pessoas com um resultado do exame RT-PCR negativo, foi identificado um alto nível de células de defesa ativas, isto é, houve uma proteção cruzada de memória de uma exposição prévia por um vírus de resfriado comum e o Sars-CoV-2, impedindo a infecção do último.

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Essa imunidade celular, dizem os autores, foi gerada principalmente para atacar partes do coronavírus como a proteína do nucleocapsídeo (nuclear) ou as proteínas do chamado envelope, a membrana que envolve o material nucleico do vírus.

Em contrapartida, houve uma imunidade cruzada reduzida contra a proteína S do Spike (ou espícula, estrutura usada pelo coronavírus para entrar nas células).

Como muitas das vacinas contra Covid-19 utilizadas em todo o mundo focaram na indução de anticorpos contra a proteína S, o estudo do Imperial College pode trazer novos focos para o desenvolvimento de vacinas de segunda e terceira geração, dizem os autores.

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Além disso, como a produção de células T de memória foi verificada logo nos primeiros dias após a exposição com o vírus –medida pela quantidade de interferon-gama e de interleucinas, substâncias secretadas pelas células do sistema imune frente a uma infecção–, esse é um forte indicativo de que essas células de memória já existiam no organismo, não sendo portanto resposta de um contato direto com o coronavírus.
Segundo Rhia Kundu, primeiro autor do estudo e pesquisador do Instituto Nacional do Coração e do Pulmão do Imperial College de Londres, a pesquisa aponta que níveis elevados de células T de memória gerados após resfriados comuns podem proteger contra a Covid, mas não devem substituir a defesa gerada após tomar vacina.
"Embora seja uma descoberta importante, essa é mais uma forma de proteção, e não deve ser a única ferramenta para impedir a doença. Em vez disso, o melhor jeito de se proteger contra a Covid-19 é manter sua vacinação atualizada, incluindo receber a dose de reforço", diz.
Outro aspecto importante da pesquisa é que ela, apesar de ter sido divulgada só agora, foi feita em setembro de 2020, período em que as vacinas contra Covid-19 ainda não estavam disponíveis no mundo.
Diversos estudos já mostraram que, embora as vacinas possam perder parcialmente sua efetividade de seis a oito meses após a segunda dose, essa queda se relaciona às taxas de anticorpos, mas é esperado que a imunidade celular, como a estudada na pesquisa do Imperial College, perdure.
Além disso, as vacinas foram desenvolvidas para proteger contra um quadro grave da doença, que pode levar à hospitalização e ao óbito por Covid, mas não contra a infecção.
Novas vacinas que buscam neutralizar o vírus na porta de entrada do organismo, isto é, pelas vias aéreas superiores, como boca e nariz, podem conseguir impedir a infecção pelo Sars-CoV-2.
Para o professor e diretor da Unidade de Pesquisa em Proteção e Saúde de Infecções Respiratórias do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido (NIHR, na sigla em inglês), Ajit Lalvani, esse é o primeiro estudo a mostrar evidências de que a imunidade gerada contra resfriados comuns pode ter um papel fundamental na prevenção da Covid, o que explica porque em muitos casais uma pessoa é infectada pelo Sars-CoV-2, enquanto a outra não.
"Essas células T protegem o organismo atacando as proteínas de dentro do vírus, e não a proteína S, que está sempre sofrendo uma pressão seletiva constante, por ser nela que surgiram muitas das mutações do Sars-CoV-2", explica ele, que é um dos autores do artigo.

"Em contraste, as proteínas do núcleo são muito mais conservadas. Novas vacinas que usam essas proteínas como alvo podem, assim, induzir uma imunidade celular muito mais duradoura contra o vírus e suas variantes", diz.

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