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Cotidiano
Nas últimas semanas, presidente tem lançado suspeitas quanto à segurança do imunizante, já aprovado pela Anvisa para aplicação em crianças maiores de 5 anos
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Presidente faltou à oitiva que havia sido marcada por Alexandre de Moraes, e alegou 'direito de ausência' | Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou a jornalistas na tarde desta segunda-feira (27) que sua filha Laura, de 11 anos, não será vacinada contra a Covid. Nas últimas semanas, Bolsonaro tem lançado suspeitas quanto à segurança do imunizante, já aprovado pela Anvisa para aplicação em crianças maiores de 5 anos.
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"A vacina para criança é muito incipiente ainda, o mundo ainda tem muita dúvida", disse Bolsonaro ao chegar a São Francisco do Sul (SC), onde passará o Réveillon.
O presidente também afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deve definir no dia 5 de janeiro como serão as normas para a vacinação das crianças. "Espero que não haja interferência do Judiciário", disse Bolsonaro.
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Na quinta-feira (23), Queiroga afirmou que as crianças só poderão ser vacinadas com prescrição médica e consentimento dos pais. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde reagiu dizendo que não será exigido nenhum documento médico para a imunização dessa faixa etária.
Nesta segunda-feira, questionado se o vírus da Influenza é preocupação para o governo, Bolsonaro disse que não está vacinado e voltou a levantar dúvidas sobre a eficácia dos imunizantes.
"Em um primeiro momento grande parte dos contaminados estavam vacinados", disse ele.
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"Eu, por exemplo, não estou vacinado", afirmou, sem esclarecer se falava sobre Influenza ou Covid-19. "Tenho imunidade natural. Vários estudos dizem que é muito melhor que a imunidade vacinal."
Em seguida, o presidente citou o caso de Queiroga, imunizado e infectado pelo novo coronavírus durante viagem presidencial a Nova York (EUA), em setembro. As vacinas não impedem completamente a infecção, mas têm eficácia de mais de 90% na redução dos casos graves.
Na sexta, Bolsonaro repetiu fala de Queiroga e disse que "não está havendo morte de criança" para justificar decisão emergencial sobre vacina da Covid-19 para crianças.
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De acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de dezembro deste ano, foram registradas 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos por Covid-19 no país.
Em 2020, 2.978 crianças tiveram síndrome respiratória aguda grave em decorrência do coronavírus – 156 delas morrem. Neste ano, foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes.
O Ministério da Saúde chegou a abrir uma consulta pública sobre a vacinação das crianças, considerada "idiotice", "procrastinação", "absurdo" e "coisa da idade da pedra" por especialistas em infectologia e saúde pública consultados pela Folha.
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No dia 16 de dezembro, a Anvisa autorizou o uso da vacina da Pfizer para imunizar as crianças. Diretores da agência receberam ameaças por causa da análise do pedido da farmacêutica. A Anvisa solicitou, mas não recebeu proteção policial da sua cúpula e dos técnicos mais expostos.
O presidente da agência, Antonio Barra Torres, disse à Folha que a aprovação da área técnica foi baseada em estudos robustos de segurança e eficácia da vacina, além de dados epidemiológicos. "Nosso país apresenta números expressivos de mortalidade nessa faixa etária."
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