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Cotidiano

Congresso Nacional promulga PEC dos Precatórios

Medida libera mais R$ 43,8 bilhões em despesas no próximo ano e abre caminho para que o governo amplie a cobertura do Auxílio Brasil

Maria Eduarda Guimarães

16/12/2021 às 16:14

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Fachada Congresso Nacional

Fachada Congresso Nacional | PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO

O Congresso Nacional promulgou nesta quinta-feira (16) a segunda parte da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, que adia o pagamento de dívidas da União já reconhecidas pela Justiça e, assim, libera espaço no Orçamento para promessas do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Essa medida libera mais R$ 43,8 bilhões em despesas no próximo ano e abre caminho para que o governo amplie a cobertura do Auxílio Brasil, programa social que substituiu o Bolsa Família.

O plano agora é incluir mais famílias no programa de transferência de renda. Atualmente o Auxílio Brasil atende a 14,5 milhões de famílias. Esse número deve chegar a 17 milhões até o fim do ano. Ao longo de 2022, poderá subir para quase 17,9 milhões, segundo projeções do governo.

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Com a promulgação da PEC, o Ministério da Cidadania pretende acelerar o processo de inclusão dessas famílias e a operação, que envolve a Caixa e o Dataprev, para realizar os pagamentos até o fim de dezembro. No entanto, ainda não há calendário para a transferência a esses novos beneficiários.

Para o Orçamento de 2022, o governo estima um benefício médio de R$ 415 mensais por família. O valor de R$ 400 prometido por Bolsonaro é o mínimo pago para quem está dentro do programa.

A ampliação do Auxílio Brasil é uma aposta do presidente e aliados dele para tentar impulsionar a candidatura de Bolsonaro à reeleição em 2022. Para bancar a ideia, foi necessário aprovar um ajuste na programação de gastos do próximo ano.

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A PEC dos Precatórios foi a solução encontrada para autorizar o governo a gastar mais em 2022. Com a promulgação da segunda parte da PEC, o efeito total da proposta é alcançado - foram liberados mais de R$ 106 bilhões em despesas que não estavam sendo contabilizadas na elaboração do Orçamento.

A PEC tinha dois pilares. Um deles, que já foi promulgado na semana passada, permite um drible no teto de gastos, fazendo um novo cálculo retroativo desse limite.

A outra medida, que foi promulgada nesta quinta (16), cria um valor máximo para o pagamento dos precatórios - as dívidas que não entrarem nessa lista serão adiadas e quitadas em anos posteriores.

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Esse limitador para a quitação de dívidas deve ser questionado na Justiça. O presidente da Comissão de Precatórios da OAB Nacional, Eduardo Gouvêa, já disse que pretende entrar com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a medida.

O fatiamento da PEC ocorreu por causa de mudanças feitas no Senado ao texto que já havia sido aprovado previamente pela Câmara.

Os senadores mantiveram integralmente a parte que dribla o teto de gastos e libera R$ 62,2 bilhões em 2022.

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A Câmara precisou então votar nesta terça (14) e quarta (15) as alterações feitas no pilar que trata do limite de pagamento de precatórios, responsável pela abertura de R$ 43,8 bilhões para novas despesas no Orçamento do próximo ano diante do adiamento da quitação de dívidas.

Apesar do impacto da PEC na ampliação de gastos em 2022, o valor é insuficiente para atender à promessa de reajuste de servidores feita por Bolsonaro, para ampliar as emendas parlamentares e para elevar os recursos do fundo de financiamento de campanha eleitoral.

Por isso, o Congresso deverá fazer novos cortes nas despesas já previstas no projeto de Orçamento do próximo ano.

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Pelo texto da PEC, fica claro que o aumento de gastos em 2022 será vinculado a despesas obrigatórias, à área social e à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos.

O texto também prevê um mecanismo de vinculação dos gastos que deixarão de ser pagos em precatórios para bancar despesas com o programa social e na área de seguridade social, como aposentadorias, entre 2023 e 2026.

O pagamento de dívidas ligadas ao Fundef (fundo da área de educação) ficará fora do teto dos gastos. Isso representou uma derrota para a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) que resistia a essa medida, mas teve que ceder para aprovar o texto no Congresso.

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Para 2022, há mais de R$ 17 bilhões em dívidas de repasses do Fundef para estados e municípios. A PEC, porém, parcela essa conta em três anos.

A equipe econômica conta com o espaço de R$ 106,1 bilhões para conseguir acomodar todas as despesas previstas para 2022.

Para assegurar a ampliação do Auxílio Brasil, o governo precisa de R$ 51,1 bilhões adicionais.

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Outros R$ 48,6 bilhões serão destinados à correção de benefícios sociais pela inflação, à ampliação do teto de gastos de outros poderes (devido à mudança na regra) e ao ajuste nos mínimos constitucionais de saúde e educação.

Há ainda uma fatura extra de R$ 5,3 bilhões para bancar a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para empresas, medida já acertada entre governo e Congresso Nacional.

Conforme a Folha revelou, a votação do primeiro turno da PEC original teve manobra de Lira para aumentar as chances de aprovação da medida.

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O texto, prioridade do governo Jair Bolsonaro (PL), aliado de Lira, passou em primeiro turno pela Câmara com uma folga de apenas quatro votos - 312 votos favoráveis (eram necessários ao menos 308) –, na madrugada do dia 4 de novembro.

A votação remota, nos termos definidos por Lira, permitiu que deputados "no desempenho" de viagem de missão oficial pudessem votar sem registrar presença no sistema de identificação biométrica do plenário.

Pontos Promulgadas na semana passada

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1) Mudança no indexador do teto de gastos
O que é o teto: regra constitucional aprovada em 2016 que limita o aumento da maior parte das despesas federais à inflação do ano anterior

Como é hoje: o teto é corrigido pela inflação medida pelo IPCA em 12 meses até junho do ano anterior

Como fica: o valor é recalculado, retroativamente, com base no IPCA de janeiro a dezembro; na prática, isso amplia o teto

2) Refis a municípios
O que diz a PEC: possibilidade de municípios parcelarem dívidas com a União caso aprovem reformas da Previdência locais

Condições: municípios terão que comprovar mudanças específicas nas regras previdenciárias. Uma delas é que os servidores municipais não poderão pagar alíquotas menores que os servidores da União

Pontos Promulgados nesta quinta

1) Teto para pagamento de precatórios
O que é precatório: dívidas da União já reconhecidas pela Justiça e sem possibilidade de recurso

Como é hoje: precatórios inscritos no Orçamento são pagos

Como fica: é criado um valor máximo a ser quitado no ano (cálculo usa como base o montante pago em sentenças judiciais em 2016 e corrige esse número pela inflação); os precatórios que ficarem fora desse limite deverão ser pagos em outros anos

2) Vinculação de despesas liberadas após a PEC
O que diz a PEC: os R$ 106 bilhões a serem autorizados após a conclusão de toda a PEC seriam usados apenas em algumas despesas

Lista de despesas: gastos obrigatórios (aposentadorias, pensões e despesas atreladas à inflação), Auxílio Brasil e desoneração da folha de pagamento

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