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PSDB vai testar novo app que pode ser usado em prévias presidenciais

O partido contratou uma empresa privada que vai oferecer uma nova solução a ser considerada em substituição à ferramenta atual

23/11/2021 às 18:41

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Filiados do PSDB em evento

Filiados do PSDB em evento | Reprodução/Redes Sociais/PSDB

Após falhas registradas na votação das prévias presidenciais no último domingo (21), o PSDB anunciou que vai contratar uma empresa privada que terá o aplicativo testado pelas campanhas dos governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) para eventualmente substituir a atual ferramenta utilizada pela sigla.

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As campanhas de Doria, Leite e do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (AM) deram aval para testarem o novo aplicativo D.Vota, da RelataSoft, empresa de tecnologia eleitoral que faz parte do projeto Eleições do Futuro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 

O anúncio foi feito nesta terça-feira (23) na sede do partido em Brasília. 

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No último domingo, o PSDB fez uma votação híbrida. Num evento em Brasília, feito para anunciar o vencedor, mas que terminou de forma melancólica sem conclusão, puderam votar por meio de urnas eletrônicas os prefeitos e vices, deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e vices e os ex-presidentes do partido. 

Os filiados sem mandato e os vereadores deveriam votar pelo aplicativo, que não funcionou. A votação, que seria das 7h às 15h, foi ampliada para 18h e acabou suspensa. Outros tucanos do alto clero que não viajaram a Brasília e preferiram votar pela ferramenta online tampouco conseguiram votar. 

Nesta terça-feira (23), a RelataSoft afirmou ter condições técnicas de iniciar prévias já na quarta pela manhã, mas indicou que a decisão depende do PSDB. 

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A ferramenta da Faurgs (Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul), contratada para desenvolver o app original que travou no domingo, ainda não foi totalmente descartada. Após reunião encerrada na tarde desta terça, o partido divulgou uma nota afirmando ter sido "vítima de um problema técnico nas prévias" e disse que buscava "meio para retomá-las". 

"Entre as possibilidades, já há empresa que será submetida ao teste de estresse por todas as candidaturas. Mais alternativas estão em análise", disse. 

Segundo o comunicado, a Faurgs não apresentou diagnóstico sobre o que provocou as falhas. "O fundamental é garantir o voto dos filiados já cadastrados. Os votos já registrados na urna e em aplicativos estão válidos e serão computados." 

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Se as campanhas considerarem que a fundação tem condições tecnológicas para dar continuidade à votação, a RelataSoft poderia fazer a validação do processo, segundo o presidente da empresa, Leonardo Cunha. 

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, havia dado até meio-dia desta terça para que a Faurgs se posicionasse sobre a possibilidade de sanar as falhas e concluir o processo de votação. A reunião com a Faurgs, virtual, atrasou e começou depois desse prazo. 

A ideia era que a empresa dissesse se havia conseguido identificar o que provocou a falha no domingo e anunciasse a viabilidade de dar prosseguimento ao processo. No entanto, o diagnóstico não foi apresentado.
Paralelamente, Araújo havia anunciado, na segunda (22), que estava conversando com duas empresas privadas que poderiam oferecer aplicativos substitutos ao da Faurgs. 

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Portanto a RelataSoft, que esteve na sede do partido nesta terça para apresentar sua ferramenta e submetê-la a testes técnicos, vai ter a ferramenta testada por representante das três campanhas. 

Ao final da reunião técnica, o presidente da empresa, com aval do PSDB, disse que havia sido fechado um contrato em fases com o partido. Em até oito horas, a RelataSoft afirmou que as três chapas poderão iniciar os testes, que serão feitos em uma janela de seis horas. 

Depois dessas seis horas, a RelataSoft teria mais quatro horas para responder a eventuais problemas apresentados. Depois, haveria duas horas para negociação final entre os técnicos das campanhas. 

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Se o D.Vota, da RelataSoft, passar nos testes realizados pelas três campanhas, a empresa poderá iniciar o plano de votação, que abrange os cerca de 40 mil filiados que não conseguiram votar pelo app da Faurgs no último domingo. 

No início do processo das prévias, o PSDB decidiu por desenvolver do zero um aplicativo de votação próprio porque tinha a intenção de doá-lo aos demais partidos, incentivando prévias em outras legendas. 

A ideia era alavancar o PSDB como o partido com expertise em votações internas, uma referência nacional numa iniciativa inovadora -imagem que já naufragou. 

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Agora, com o app da Faurgs em xeque, a solução de utilizar um app pronto impede a doação posterior. De acordo com membros do PSDB, como a ideia é apenas "alugar" o app da RelataSoft, o custo será de até R$ 400 mil. 

O contrato com a Faurgs, para criar o app, foi de cerca de R$ 1,3 milhão, sendo que aproximadamente metade do valor já foi paga. O partido não descarta renegociar o restante, alegando que a ferramenta não cumpriu seu propósito. 

Na segunda, após Araújo sinalizar a possibilidade de substituição do aplicativo da Faurgs, Leite afirmou que o processo das prévias estava perdendo credibilidade e que não havia concordado com a possibilidade de troca da ferramenta. 

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A suspensão da votação agravou a divisão interna entre Doria e Leite. A disputa está acirrada, e o resultado está em aberto. Virgílio não tem chances de vencer e, na prática, se alia a Doria. 

Uma vez escolhido o app, a ideia seria fatiar a votação em mais de um dia -separando a votação de políticos com mandato e, em seguida, de filiados. 

As causas das falhas no aplicativo original ainda não foram identificadas -uma das questões é o fluxo de acessos maior do que a ferramenta comporta. A hipótese de um ataque hacker não está descartada. 

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Neste cenário, as campanhas pressionam por ritmos diferentes. Enquanto Doria e Virgílio propõem retomar a votação no próximo domingo, a campanha de Leite quer a retomada mais imediata. 

A proposta inicial do gaúcho era de que a votação ocorresse já nesta terça, mas os problemas no app não foram sanados. A retomada das prévias depende da resolução da questão técnica. 

Na segunda, a reportagem apurou que havia entendimento entre as campanhas para que a votação fosse concluída até o próximo domingo. A votação continuaria assim que houvesse um app apto para isso (o da Faurgs ou um alternativo), o que contemplaria as propostas de Leite, Doria e Virgílio. 

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Após o anúncio desse entendimento por Araújo, porém, Leite contestou a troca do app e disse não haver acordo algum. 

A avaliação de aliados de Leite é a de que o tempo corre contra o gaúcho, já que a capacidade de mobilização do PSDB de São Paulo é maior. Ou seja, Doria poderia virar mais votos até domingo. 

Leite vem fazendo denúncias a respeito de compra de votos e pressão do time de Doria sobre tucanos em São Paulo. O caso mais conhecido é a demissão do então secretário de Habitação da capital paulista, Orlando Faria, após declarar voto no gaúcho. 

Ao todo, 44,7 mil tucanos (cerca de 3% do 1,3 milhão de filiados) se inscreveram para a votação indireta, em que cada grupo representa 25% da pontuação: filiados; prefeitos e vices; vereadores e deputados estaduais; deputados federais, senadores, governadores e vices, ex-presidentes do PSDB e o atual. 

São Paulo, pela concentração de mandatários e filiados cadastrados, larga com 35% de peso nas prévias. Além do Rio Grande do Sul, Leite tem o apoio de estados chave no tucanato, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. 

O saldo de domingo para o PSDB foi de vexame e mais tensão entre Doria e Leite, que trocaram acusações. Como mostrou o Painel, líderes de partidos da chamada terceira via veem o PSDB em frangalhos -uma união da sigla em torno do vencedor das prévias parece cada vez mais distante. 

Araújo informou que de 62% a 65% dos votos, considerando os pesos desiguais dos grupos de votação, foram dados no domingo, pela urna e aplicativo. Os resultados estão blindados e não serão apurados até que haja a votação complementar.

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