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26/06/2021 às 01:00
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Coronel Tadeu é deputado federal por São Paulo pelo PSL | FOTOS: Ettore Chiereguini/Gazeta de S.Paulo
O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP), assim como boa parte das lideranças políticas ligadas ao setor, é crítico das sucessivas gestões no estado de São Paulo em relação à segurança pública. Para ele, além do governo paulista "pagar o pior salário do Brasil" ainda é omisso em questões sensíveis e humanitárias da corporação, deixando os agentes em situação de estresse alto rotineiro. "Doria é ainda pior que Alckmin para a segurança pública", afirma.
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Da ala do PSL fiel a Jair Bolsonaro (sem partido), o parlamentar garante que vai apoiar para o governo de São Paulo em 2022 o candidato escolhido pelo presidente - e acredita que pode ser o atual ministro da Infrastrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Ele, inclusive, se coloca à disposição para concorrer como vice em uma eventual chapa de Tarcísio.
Nesta entrevista exclusiva à Gazeta, feita na redação do jornal, o deputado também defende o governo da CPI da Covid e exalta a proposta do presidente para o setor habitacional na área de segurança pública.
Gazeta de S. Paulo - Qual é a sua avaliação sobre a atuação do governador João Doria na segurança pública?
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Coronel Tadeu- Péssima, infelizmente. Só tem um item que não posso negar: ele realmente tem comprado equipamentos, tem dotado a polícia militar de material bom, mas infelizmente isso não significa muita coisa. Eu preferia ver meu policial trabalhando contente, e não estressado e preocupado, do jeito que está acontecendo. Tudo é voltado para o material e se esquece do principal, que é o ser humano. A polícia, para mim, é 80% material humano e 20% equipamento, e nesse ponto ele abandonou. Só não dou a nota zero para ele por conta dessa atenção que tem com os equipamentos, apesar de acreditar que não faça absolutamente mais nada do que a obrigação. Mas temos que lembrar que governadores passados esqueceram não só do material humano como do material em si.
GSP - Então ele é melhor do que o Alckmin, por exemplo?
CT - Olha, eu vou dizer que não. O Alckmin acabou sendo melhor, porque o Alckmin também dava o equipamento e não se demonstrava ser uma pessoa vingativa. Ele era um cara que passava de uma forma bem morna. Doria é ainda pior que Alckmin para a segurança pública. Claro, Alckmin não deu a atenção devida. Teve umas épocas do governo dele que foram horríveis. No caso de 2006, quando teve aquela confusão com o PCC, e perdemos quase 40 policiais militares naquela época, assassinados. E eu vou ter que dizer supostamente: supostamente o próprio governador teria feito um acordo com o PCC. Eu digo supostamente porque isso até hoje não foi esclarecido, esse assunto lamentavelmente foi abafado. Nem Alckmin e nem Doria deram a devida atenção à polícia.
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GSP - De fato a polícia de São Paulo tem o pior salário do País?
CT - Hoje, sim, é o pior salário do Brasil. É a sigla do PSDB: Pior Salário do Brasil. Você tem que avaliar a profissão, o trabalho de risco que o policial realiza com a forma que ele é remunerado. Isso está completamente fora, muito ruim mesmo. Sem contar que a própria reposição salarial, inflacionária, não é feita. É uma coisa tão natural para todas as categorias, para todos os trabalhadores, e no caso dos policiais isso não é levado em consideração em nenhum momento. Se você vir lá na corporação quais foram os vencimentos que foram dados aos policiais, vai perceber que aos poucos eles estão achatando cada vez mais o salário do policial, e vai ficando uma confusão só. Isso traz reflexos sociais dentro da corporação: problemas de suicídio, endividamento, estresse. O comportamento dele na rua acaba sendo refletido em função dessas adversidades. O salário é importante. Alguns acabam indo embora da polícia mesmo, acabam fazendo outros concursos, exercendo outras atividades. Mas a grande maioria fica aqui, porque também não tem espaço para todo mundo no mercado de trabalho. É uma situação muito difícil, e a gente sabe que isso poderia ser resolvido. Não de uma hora para outra, mas poderiam ser tomadas pelo menos algumas iniciativas para resolver.
GSP - Quais, por exemplo?
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CT - Como eu falo, nem tudo é salário. Às vezes se pode ajudar no plano de saúde do policial. Ele não é ajudado em absolutamente nada, como a legislação trata os trabalhadores privadas. Não há ajuda, não existe subsídio absolutamente para nada. Muitas vezes o próprio uniforme o policial tem que comprar. Tem algumas questões que são terríveis, e é difícil o trato com o governador. Ele não abre a conversa em nenhum momento.
GSP - Quem o sr. deve apoiar para governador no ano que vem?
CT - Eu vou apoiar o governador que o presidente Bolsonaro apoiar. Eu não sei quem é, não têm nomes ainda. Há apenas nomes sugestivos, como o do próprio ministro Tarcísio, que eu acho excelente. Gostaria muito que o ministro Tarcísio se candidatasse ao governo do Estado, porque em dois anos ele já mostrou a sua competência. E se ele quisesse me chamar de vice-governador teria um trabalhador ao lado dele o tempo todo. Aceitaria até ser vice-governador do Tarcísio. Mas existem vários nomes que vão aparecer ainda. Isso vai ser decidido lá na frente.
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GSP - O sr. acredita que será escolhido para ser candidato a vice?
CT - Eu não, eu estou só postulando. Se precisarem de um vice-governador, estou aqui. Por que falo isso? Eu represento o segmento da segurança. Hoje, a segurança de São Paulo representa entre ativos e os que já se aposentaram aproximadamente 250 mil, 270 mil funcionários públicos. Se você multiplicar por 10, estamos falando em 2 milhões de votos. Em São Paulo 2 milhões de votos não elege um governador, mas dá para dizer quem a gente não quer. Dá para tirar. Quer puxar 2 milhões de votos? Coloque um representante da segurança pública como vice-governador. E aí eu levanto a mão. Eu topo ir para a briga. Ainda mais com o Tarcísio...
GSP - Qual é sua a avaliação sobre a CPI da Covid?
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CT - A CPI do circo que infelizmente vai virar pizza. Um absurdo haver um senador processado 17 vezes tentando ser inquisitor de pessoas que estão trabalhando visando o bem da população brasileira. Não tem cabimento o papel ridículo que esses senadores estão fazendo, em especial Omar Aziz, que já teve a sua mulher presa, inclusive; Renan Calheiros, com 17 processos, e com um filho que é governador suspeito de ter pego R$ 800 mil da Odebrecht e; o Randolfe Rodrigues. Estão fazendo palanque e tentando minar o governo Bolsonaro. Um papel ridículo.
GSP - Houve uma proposta de Bolsonaro para o setor habitacional na área de segurança. Como avalia o projeto?
CT - O projeto é maravilhoso. Eu espero que ele atenda a policiais militares, policiais civis, policiais científicos, policiais penais, guardas municipais e agentes socioeducativos. É todo o sistema de segurança que nós temos hoje, então que ele atenda todos os profissionais de segurança.
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GSP - O sr. tem posições fortes à direita. Consegue ter uma boa relação com a esquerda, com o centro, com outras vertentes na Câmara?
CT - Com todos os partidos. Não só tenho convergência de ideias como divergências de ideias. As divergências a gente trata de forma diferente, as convergências a gente senta e conversa. Lá é a casa da conversa. Quem quer ser político e não conversar não é político. Converso com todos os líderes, converso com todos os presidentes de partido. Não há problema nenhum. (Bruno Hoffmann)
*Acesse o site da Gazeta para ler a entrevista na íntegra.
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