Major Olimpio: Personalidades da vida política se despedem do senador

Mais de 30 senadores – e incontáveis admiradores – divulgaram um vídeo na noite de quinta-feira (19) em que o senador Major Olimpio defende a importância da vacinação contra a Covid-19, em que é enfático: “Vidas brasileiras importam. Eu quero ser vacinado”. Os compartilhamentos pelos colegas de Senado Federal se iniciaram logo depois da confirmação da morte cerebral do líder do PSL na Casa, justamente por complicações do novo coronavírus, após ficar 16 dias internado em uma unidade do Hospital São Camilo, em São Paulo.

Em 2 de março, Major Olimpio, 58 anos, anunciou que havia sido contaminado pela doença, ainda com sintomas leves. Ele chegou até a participar de uma sessão do Senado do hospital, mas três dias depois a sua assessoria informou que seu estado de saúde havia piorado, e que ele precisou ser transferido para a UTI.

De acordo com relatos, o político precisou ser intubado pelo menos duas vezes até não resistir ao avanço da doença, na última quinta.

Alguns funcionários de seu gabinete também foram contaminados pelo novo coronavírus. A situação mais preocupante é a do jornalista Diego Freire, assessor do parlamentar, que está internado em estado grave em um hospital de Brasília. Ativo no contato com os jornalistas, Diego é elogiado pela educação e pela forma solicita pela qual atende a imprensa, mesmo quando a pauta era negativa para o senador.

Olimpio é o terceiro senador a perder a vida pela Covid-19. Em outubro de 2020, morreu no Rio de Janeiro Arolde de Oliveira (PSD-RJ). O político tinha 83 anos; O vírus provocou ainda a morte de José Maranhão (MDB-PB), senador mais idoso em atividade à época. Ele tinha 87 anos ao morrer, no mês passado.

Neste sábado (20) Major Olimpio completaria 59 anos. Trinta e oito deles dedicados à Polícia Militar ou à política.

Lideranças lamentam morte
Em nota oficial, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), lamentou a notícia, que classificou como "devastadora". “Pensávamos diferente em diversas situações, mas gostávamos e respeitávamos um ao outro. No dia de hoje perdemos todos ", escreveu Pacheco.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também se manifestou. "É com profundo pesar que recebo a notícia do falecimento do senador Major Olimpio na tarde desta quinta-feira. Meus sinceros sentimentos aos familiares e amigos."

Durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, manifestou solidariedade. “Foi um parlamentar combativo em relação aos valores morais, institucionais do estado de direito e da legalidade democrática”, afirmou.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou o idealismo do senador. "Sincero, idealista e combativo, Major Olimpio teve uma relevante trajetória política, disse Guedes, em nota.

O vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT), derrotado por Olimpio em 2018 na corrida ao Senado, também prestou homenagem. “Aos familiares, amigos e eleitores do Major Olímpio, meu adversário nas eleições de 2018, falecido hoje em decorrência da covid, expresso meus sentimentos e todo respeito”.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos principais adversários políticos do senador, escreveu pelo Twitter: “Minha solidariedade à família e amigos do Senador Major Olímpio. Infelizmente mais uma vítima da Covid-19”.

Biografia
Nascido em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, em 20 de março de 1962, Sérgio Olimpio Gomes entrou para a Academia de Polícia Militar do Barro Branco aos 20 anos de idade. Ele ainda se tornou bacharel em ciências jurídicas e sociais. Além do título, Olimpio era jornalista, professor de educação física, técnico em defesa pessoal e instrutor de tiro.

Combativo às sucessivas gestões do PSDB no Governo de São Paulo em relação à segurança pública, Olimpio foi eleito pela primeira vez em 2006, como deputado estadual. Depois viraria deputado federal, até se eleger como senador pelo PSL em 2018, na onda bolsonarista.

Depois, por atritos, ele e Bolsonaro se afastaram, o que era visto como “traição” por apoiadores do presidente. Ele, porém, dizia que não abriria mão de seus ideais só para ficar bem com parte do eleitorado que o elegeu.

A sua defesa principal sempre foi pela segurança pública. Em entrevista exclusiva à Gazeta, publicada em 26 de fevereiro do mês passado, quatro dia antes de anunciar estar com a doença, Olimpio confirmou que queria concorrer para o Governo de São Paulo em 2022.

“Eu queria abandonar a política eleitoral e a disputa de urnas, mas muitos segmentos, principalmente o meu original, que é a e a área de segurança pública, têm sido arrebentado nos últimos 28 anos dos governos do PSDB em São Paulo. E estão me estimulando, para não dizer me escalando, para disputar o governo do Estado no ano que vem”, explicou à reportagem.

Major Olimpio foi cremado nesta sexta-feira, em Guarulhos, em uma cerimônia reservada apenas aos familiares.