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Uso de celular no trânsito | Divulgação
O uso do celular durante a condução de um veículo já é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos maiores causadores de acidentes do planeta.
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Foi com o lançamento dos smartphones – verdadeiros computadores de mão – que a perniciosa prática à direção se proliferou, a ponto de ser classificada pela OMS como uma “pandemia” quase incontrolável.
Apenas 20% dos condutores brasileiros admitem que utilizam o celular enquanto dirigem. No entanto, a OMS estima que essa parcela é muito maior, beirando 90%.
No mundo, mais de 1,3 milhão de acidentes foram provocados em 2024 devido a esse comportamento dos condutores. Em território brasileiro, conforme o Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf), uma média de 244 condutores foram multados por hora no ano passado por estarem usando o celular enquanto dirigiam.
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A nociva atitude de usar o celular à direção não está restrita aos carros. Aparece indiscriminadamente tanto nos condutores “amadores”, os da categoria B da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), quanto nos profissionais do volante, nos automóveis, furgões, caminhões, ônibus e, por incrível que pareça, até nas motocicletas.
A multa para quem é flagrado utilizando o celular enquanto dirige é de R$ 293,47, com o condutor recebendo sete pontos na CNH. É uma infração considerada gravíssima. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) proíbe o uso de celular à direção, com a multa também aplicada a quem digita ou recebe mensagens de texto.
A punição prevê ainda uma infração média, com multa de R$ 130,16 e quatro pontos na carteira para quem utiliza o celular mesmo com fone de ouvido.
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Com sede na cidade de São Paulo, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) define a prática do uso do celular à direção pela sigla FAC – de Falhas de Atenção ao Conduzir.
Para a Abramet, a FAC é um fator de risco em ascensão, abrangendo situações que causam desvio momentâneo e potencialmente letal.
A associação acrescenta que a conjunção “celular e direção” foi determinante para o aumento de ocorrências de trânsito a partir da primeira década deste século e lista três fatores técnicos envolvendo o ato de usar o celular ao volante:
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– Operacional – Manusear o aparelho celular por si só já representa uma fonte de distração, mesmo que o veículo seja dotado de transmissão automática, viva-voz, Bluetooth, fones de ouvido e outros dispositivos modernos. A partir do momento em que o condutor atende à ligação, o ato de dirigir se torna secundário.
– Psicológico – Não há nada que se possa fazer para diminuir o efeito perturbador de uma simples conversa telefônica à direção. A falha de atenção que resulta de conversas ou digitalização telefônicas é influenciada pela natureza do próprio diálogo, envolvendo emoção, afeto ou discussão, alterando assim a capacidade de administrar a condução veicular com a competência necessária.
– Cognitivo – Uma conversa no celular mantém a atividade mental direcionada à chamada mesmo após o término da ligação. Se o veículo estiver a 100 km/h, percorrerá mais de 90 metros sob o “efeito pós chamada”.
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Nas últimas décadas, a tecnologia de conectividade dos veículos cresceu, com a popularização de dispositivos como o Bluetooth, que permite conversar sem segurar o celular.
Isso de certa forma ajudou na diminuição de incidentes no trânsito e no número de multas.
Entretanto, a evolução da conectividade nos veículos estimula um comportamento ainda mais prejudicial do que falar ao celular enquanto dirige.
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“Combater o uso do celular ao volante exige uma equação bem mais complicada de se resolver, porque envolve a própria educação do condutor e a falta de consideração por si próprio e pelos outros. Mas o pior é o que chamo de ‘O Quarto Cavaleiro do Apocalipse’: digitar enquanto dirige. Digitar ao volante ou em cima de uma motocicleta é o mesmo que dirigir com os olhos fechados”, aponta Pedro Bisch Neto, diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre (RS).
Enquanto digita no teclado do celular, o condutor baixa a cabeça por algum tempo, com o veículo seguindo em frente.
Quando ele volta a subir o olhar, o cenário já é outro. “Assim, o condutor perde o reflexo para desviar, frear ou reagir a um outro veículo que tenha parado a sua frente. São os segundos que matam”, conclui o diretor da EPTC.
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“Ao se aproximar de um semáforo, que estava verde, fui mexer no celular. Quando voltei a olhar para a frente, o sinal tinha fechado. Com piso molhado, o carro da frente parou e não deu para eu parar, encostando no outro. Poderia ter sido uma batida forte ou ter acertado uma pessoa que estivesse atravessando atrás do outro carro. Para mim, valeu como um aviso”. (Z.F., de Fortaleza/CE)
“Parei no sinal vermelho. Liberado no verde, acelerei ao mesmo tempo em que meu celular tocou. Atendi porque era uma chamada esperada. Distraído, iniciei a conversa, sem perceber que repentinamente o trânsito parou e bati forte no carro à frente, lançando-o contra outro, e ainda bateram na minha traseira. Assumi a culpa e ainda levei uma multa. Paguei pelo prejuízo total”. (E.C., de Belo Horizonte/MG)
“A primeira batida que sofri por trás foi de uma jovem motorista que desceu do seu carro assustada e, com sinceridade, admitiu que se distraiu ao olhar o celular enquanto dirigia. Na segunda, a motorista estava acompanhada de uma criança em um bebê-conforto e ficou completamente desesperada. Ninguém se feriu, mas ela reconheceu que a distração com mensagens no celular foi a causa do acidente”. (C.R.P., do Rio de Janeiro/RJ)
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“Você é absorvido pelas mensagens e quando percebe já se acidentou. Desde que passei por uma situação de risco por estar usando o celular, pode ligar o Papa, a Lotérica dizendo que ganhei na Mega Sena que não atendo”. (J.G., de São Paulo/SP)
“Inventei de olhar meu WhatsApp em plena Avenida Bandeirantes, em São Paulo. Coloquei atenção na mensagem olhando para o celular, que estava no meu colo. A gente é absorvido pela mensagem. Quando levantei a cabeça, já estava bem próximo da traseira do carro à frente. Freei forte mas, mesmo com o ABS, não consegui parar, abalroando o outro veículo, que tinha parado. Felizmente, foram apenas danos materiais, cobertos pelo seguro. Evidentemente, não revelei que estava usando o celular para a seguradora”. (H.B.P., de São Paulo/SP)
“Estava quase sozinho na rua quando inventei de atender ao celular, que estava no console do carro. Baixei a cabeça para pegar o aparelho. Quando voltei a olhar para cima, tinha um contêiner de entulho de obra na minha frente. Não deu para frear o carro, que teve perda total. Felizmente, tive apenas lesões leves, mas poderia ter sido o fim. Nunca mais faço isso”, (A.P., de Porto Alegre/RS)
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