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Automotor

Resgate da produtividade

Issao Mizoguchi, presidente da Honda South America, explica por que a empresa investirá R$ 500 milhões em sua fábrica de motocicletas na Zona Franca de Manaus

Bruno Hoffmann

06/04/2019 às 01:00

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| /Fotos: divulgação

Cada companhia enxerga o momento econômico - interno e global - de formas distintas. Enquanto a Ford fecha sua unidade em São Bernardo do Campo (SP), a Moto Honda da Amazônia anuncia um novo ciclo de investimentos em sua fábrica em Manaus (AM). A empresa prevê aportes na ordem de R$ 500 milhões até 2021 e quer promover uma completa transformação na cadeia produtiva: melhorias significativas em termos de logística, avanços tecnológicos, maior eficiência e, consequentemente, maior competitividade e aumento na produção. Detalhe: a Honda detém hoje quase 80% do "share" do mercado de duas rodas no Brasil. Tudo para melhorar processos e diminuir impactos ao meio ambiente. "Em 48 anos de Brasil, acompanhamos o amadurecimento deste mercado e, claro, do público consumidor que está cada vez mais exigente em quesitos como design, segurança, tecnologias amigáveis ao meio ambiente e preço. Assim, estamos fortalecendo a nossa eficiência no processo produtivo para continuarmos satisfazendo nossos consumidores e obtendo a competitividade internacional em um segmento cada vez mais concorrido e globalizado", pondera Issao Mizoguchi, de 58 anos, que como presidente da Honda South America é responsável pelas atividades de produção e vendas de motocicletas, produtos de força e automóveis no continente.

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A modernização da fábrica de motocicletas de Manaus - a maior da Honda no mundo em termos de produção verticalizada, já que fabrica 90% de todos os componentes utilizados em seus modelos - consiste na renovação de equipamentos, reposicionamento de linhas produtivas e melhoria dos postos de trabalho. Para se obter um fluxo produtivo mais interligado e com menor movimentação, algumas áreas da empresa serão realocadas. A iniciativa começará com o agrupamento dos processos para a fabricação de motores, a partir da transferência da fundição, da usinagem, da pintura alumínio e da montagem dos motores para uma nova estrutura predial. "Estamos engajados em tornar a Honda referência em produtividade", explica Mizoguchi, que foi o primeiro executivo não japonês a assumir a liderança das operações de um dos seis blocos continentais de negócios da Honda no mundo. Formado em Engenharia Mecânica, o paulista de São Bernardo do Campo ingressou na Honda em 1985 e atuou durante 25 anos em Manaus, passando pelas áreas de Qualidade, Engenharia, Planejamento Industrial e Produção. Em 2009, assumiu a vice-presidência comercial da Honda Automóveis do Brasil. Em 2012, foi nomeado vice- presidente da Honda South America e presidente da Moto Honda da Amazônia Ltda. Em 2014, assumiu a presidência da Honda South America.

P) Após tantos anos trabalhando na Honda em Manaus, qual sua satisfação pessoal em anunciar este novo investimento na fábrica?

Issao Mizoguchi - Tenho um carinho especial pelas motocicletas. Comecei minha carreira na Honda no segmento de duas rodas, na engenharia aqui de Manaus. Nesse momento, o fato de eu poder anunciar este investimento de R$ 500 milhões é uma grande satisfação, considerando que o mercado de duas rodas vem caindo desde 2012. Agora estamos voltando a crescer e, nesse momento de ambiente positivo, poder falar em que nós investiremos em modernização para garantir o futuro. Isso não tem dinheiro que pague.

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P) A palavra-chave é modernização?

Issao Mizoguchi - Correto. Qualquer indústria, seja de carro ou de moto, precisa melhorar a eficiência produtiva para tentar absorver aumentos de custo. Que tipo de aumento de custo você tem? Por exemplo, a inflação já nos obriga a aumentar o custo da mão de obra, a matéria prima muitas vezes sobe e está atrelada ao mercado externo. O alumínio, por exemplo, é atrelado ao dólar inclusive, além do câmbio etc. Isso tudo nos afeta! Para que não precisemos repassar todo o aumento de custo para nossos clientes, nós absorvemos boa parte desses custos. Mas para absorver é preciso de tecnologia nova. E essa modernização é uma atividade rotineira dentro de uma indústria. Só que, no caso da nossa fábrica, ficamos parados algum tempo por conta da crise. E agora teremos de reinvestir em novas tecnologias para resgatar a produtividade que perdemos.

P) Como funcionará esta "metamorfose ambulante" dentro da fábrica?

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Issao Mizoguchi - A parte mais difícil é onde queremos chegar. A visão, o design e o projeto da nova fábrica de motores, por exemplo. Lá está concentrado todo nosso know-how e conhecimento, não só do Brasil, como também de outros países em que a Honda atua, já que nós temos fábricas na Índia, na China, no Vietnã e em outras localidades. E cada um vai desenvolvendo sua tecnologia. Assim nós pegamos esse know-how, alinhado com as nossas experiências, e desenhamos a nossa fábrica nova de motores. A parte mais difícil é que teremos de fazer todas as mudanças com a fábrica funcionando. Essa é a parte mais complexa, e o planejamento das obras e instalações precisam ser bem feitos e ao mesmo tempo bem administrado, até porque a produção não pode parar. Se houver algum erro de planejamento, a produção para. Mas nós já temos experiência do passado. Quando eu estava aqui em Manaus, trabalhei bastante no projeto de ampliação da fábrica e foi mais ou menos parecido.

P) O novo cenário político e econômico brasileiro foi fundamental para a Honda anunciar o investimento em Manaus?

Issao Mizoguchi - Confesso que havia uma necessidade de investimento na melhoria do nosso processo produtivo, tanto no produto final e tecnologicamente também. Essa decisão, na verdade, foi tomada em agosto do ano passado, independentemente do cenário político e econômico do Brasil. Nós já estávamos captando sinais que o fundo do poço já tinha ficado no passado. Agora é hora de investir para crescer. (Aldo Tizzani, do Minuto Motor/Agência AutoMotrix)

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