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Automotor
Seis meses após o lançamento, o Renault Kardian enfrenta dificuldades para avançar no congestionado segmento de utilitários esportivos compactos
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Renault Kardian | Luiza Kreitlon/AutoMotrix
A proposta parecia certeira — crescer no segmento de utilitários esportivos, responsáveis por cerca de 50% das vendas de automóveis novos no Brasil. Mas, seis meses após o lançamento, o Renault Kardian ainda não alcançou o volume de vendas esperado.
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No período em que está nas concessionárias, de março a agosto, o SUV fabricado em São José dos Pinhais (PR) vendeu 9.783 unidades, uma média mensal de 1.630 emplacamentos – em agosto, foram 2.263 unidades comercializadas.
Um desempenho que coloca o Kardian em um incômodo décimo lugar entre os SUVs compactos, superado por Volkswagen T-Cross (média mensal de 5.852 emplacamentos), Hyundai Creta (5.471), Chevrolet Tracker (5.209), Volkswagen Nivus (4.486), Jeep Renegade (4.347), Fiat Fastback (3.974), Honda HR-V (3.890), Fiat Pulse (3.164) e Caoa Chery Tiggo 5X (2.043).
Apesar de ser um lançamento recente, com design e “powertrain” modernos, a elevada quantidade de concorrentes diretos já consolidados ajuda a explicar as vendas aquém do esperado. Afinal, a decisão de compra de um automóvel normalmente inclui uma comparação com os adversários diretos – no caso, múltiplos.
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Embora não seja um modelo barato, o posicionamento de preços do Kardian está em uma faixa similar à dos rivais – a configuração Evolution sai por R$ 115.990, a Techno, por R$ 126.490, e a série de lançamento Première Edition (o modelo testado), por R$ 136.990.
Contudo, talvez a percepção do consumidor brasileiro em relação à Renault já tenha passado por dias melhores. Nos últimos anos, as vitrines da marca francesa no Brasil estiveram ocupadas por projetos de origem Dacia, a subsidiária romena da Renault, que disputa os segmentos de baixo custo na Europa – como Logan, Sandero/Stepway, Duster, Oroch e Kwid.
Todos os veículos que investem no espaço interno e na robustez, sem muito refinamento. Para readquirir o status de marca tecnológica e desejável no Brasil, a Renault precisará investir em marketing e na evolução da linha de produtos – um caminho inaugurado pelo crossover elétrico Mégane E-Tech, lançado há um ano, e pelo próprio Kardian.
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O Kardian marcou a estreia da plataforma Renault Group Modular Platform (RGMP), que atende aos segmentos B, C e LCV. Com 4,12 metros de comprimento, 1,75 metro de largura, 1,54 metro de altura e 2,60 metros de entre-eixos, o modelo tem porte similar ao do Stepway.
A frente exibe o novo logo “Nouvel'R”, vincos acentuados no capô e a atual assinatura luminosa. Na série especial Première Edition, a grade tem desenhos de vários pequenos losangos, com efeito 3D, com acabamento Black Piano ao fundo. A assinatura luminosa frontal apresenta dois módulos de cada lado.
O superior tem uma faixa estreita com as luzes de circulação diurna (DRL) e os piscas em LEDs. O inferior tem faróis full-LED, e os auxiliares de neblina ficam isolados na parte baixa do para-choque. O “jeito SUV” é explicitado no capô horizontal e esculpido, no para-choque reforçado pelos protetores de cárter pintados e pelas barras de teto – montadas no sentido longitudinal, que podem ser transformadas em transversais.
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Na traseira, a queda acentuada do teto e a janela inclinada conferem dinamismo, reforçado pelas lanternas em formato de “C”. O Kardian é comercializado nas cores Branco Glacier, Cinza Etoile, Cinza Cassiopée, Preto Nacré e Laranja Energy (a do modelo testado), com teto preto.
Em todas as versões, o Kardian traz o motor 1.0 turbo flex de três cilindros com injeção direta, que entrega até 125 cavalos de potência e 22,4 kgfm de torque. Trabalha associado a um câmbio automático de 6 marchas com dupla embreagem EDC (Efficient Dual Clutch) banhado em óleo.
As marchas também podem ser trocadas manualmente em paletas atrás do volante. Uma possibilidade que pode ajudar a embalar as vendas do Kardian é o lançamento de uma variante com câmbio manual – algo que deve ocorrer em breve.
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Toda a linha Kardian traz de fábrica seis airbags (frontais, laterais e de cortina), controlador e limitador de velocidade, assistente de partida, sensores de estacionamento traseiro e câmera de ré, controles eletrônicos de estabilidade e tração, monitoramento de pressão dos pneus, cluster digital de 7 polegadas, câmbio “e-shifter”, “paddles shifters”, multimídia com tela de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, ar-condicionado digital com função auto, barras de teto funcionais e modulares em preto e start&stop.
A configuração Techno acrescenta frenagem automática de emergência, alerta de colisão frontal, freio de estacionamento eletrônico, console elevado com apoio de braço, painéis e volante com acabamento em revestimento premium, chave presencial do tipo cartão, acesso “hands-free” ao porta-malas, partida remota do motor, saídas USB-C para o banco traseiro e seis alto-falantes.
E a “top” Première Edition soma à Techno controle de velocidade adaptativo, câmera Multiview, alertas de ponto cego e de distância segura, sensores de estacionamento frontal, faróis de neblina em LEDs, Multi-Sense com modos de condução “Eco”, “Sport” e “My Sense”, iluminação customizável do interior, carregador de smartphone por indução, rodas de liga leve 17 polegadas diamantadas e escurecidas, antena “shark” e grade em preto brilhante. A Première Edition em breve dará lugar a uma nova topo de linha – que deve adotar a denominação Iconic, usada em outros modelos da Renault.
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Generosa para um SUV compacto, a distância de entre-eixos de 2,60 metros do Kardian resulta em um espaço interno interessante para o segmento. A direção oferece ajuste de altura e profundidade. Os bancos frontais são envolventes e, na Première Edition, revestidos com um tecido em degradê de laranja – é jovial e vistoso, mas não transmite a sofisticação esperada em uma versão “top”.
A ergonomia é correta, com os principais comandos de fácil acesso. O padrão de acabamento é simples, porém, sem falhas perceptíveis. O console elevado reforça o visual de SUV e abriga um sistema de recarga por indução.
A percepção de espaço frontal é ampliada pela alavanca de câmbio com manopla estilo joystick e pelo freio de estacionamento elétrico por botão. No painel de instrumentos digital de 7 polegadas, o desenho do conta-giros não favorece a visualização.
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A central multimídia de 8 polegadas – menor do que a de alguns concorrentes – tem design “flutuante” e é compatível com Android Auto e Apple CarPlay via conexão sem fio. Não há saída de ar-condicionado para o banco traseiro. O porta-malas leva até 358 litros – dentro do padrão do segmento.
O Kardian é o melhor Renault já fabricado no Brasil. Como outros modelos europeus da marca, associa um motor turbo TCe – no caso, um 1.0 flex de 125 cavalos e 22,4 kgfm – a um câmbio com dupla embreagem úmida. A tecnologia que envolve as mudanças de marchas é um dos atrativos do SUV compacto.
A alavanca é do tipo joystick e há “paddles shifters” no volante para acionamento manual, com troca das marchas sem interrupção no torque, por conta do trabalho simultâneo das duas embreagens. O câmbio EDC deixa a próxima marcha selecionada, tanto no modo automático quanto no manual.
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O resultado é uma capacidade de aceleração rápida, que deixa o Kardian sempre “esperto”. A aceleração de zero a 100 km/h pode ser feita em 9,9 segundos com etanol e em 10,7 segundos com gasolina, com velocidade máxima limitada a 180 km/h.
Produzido no Paraná pela Horse – empresa do Renault Group – o motor tricilíndrico 1,0 litro do Kardian é uma derivação do tetracilíndrico 1.3 turbo (H5HT) usado no Duster e na picape Oroch, com um cilindro a menos.
Vibra pouco e incorpora um turbocompressor que trabalha com a pressão máxima de 1.5 bar e proporciona 90% do torque a 1.750 rpm. A injeção direta permite uma maior atomização do combustível, ampliando o torque e a potência. O turbo TCe 1.0 flex faz do Kardian o mais econômico entre os SUVs compactos no consumo urbano: 13,1 km/l com gasolina e 9 km/l com etanol, segundo o Inmetro.
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A suspensão busca dar o devido suporte ao bem azeitado “powertrain”. Na cidade, a altura e o curso de suspensão ajudam a transpor lombadas e buracos. O comportamento dinâmico é correto em curvas, com pouca movimentação da carroceria, apesar dos 20,2 centímetros de altura em relação ao solo.
Confortável no uso diário, o conjunto suspensivo responde bem a um estilo de condução esportivo e entrega uma rodagem consistente, inclusive em off-road leve. Os modos de condução “My Sense” (personalizável), “Eco” e “Sport” atuam na calibração do sistema de direção, do motor e do câmbio, ajustando configurações da resposta do acelerador e do esforço da direção eletro-assistida.
Motor: 999 cm³, três cilindros, 12 válvulas, turbo com injeção direta central, bicombustível.
Potência: 125 cavalos com etanol e 120 cavalos com gasolina a 5 mil rpm.
Torque: 22,4 kgfm com etanol a 2.250 rpm e 20,4 kgfm com gasolina a 2 mil rpm.
Tração: dianteira.
Câmbio: automático de 6 marchas com dupla embreagem EDC (Efficient Dual Clutch) com opção de trocas em “paddles shifters” no volante.
Direção: elétrica.
Carroceria: SUV compacto em monobloco de quatro portas e cinco lugares.
Dimensões: 4,12 metros de comprimento, 1,75 metro de largura, 1,54 metro de altura e 2,60 metros de entre-eixos.
Peso: 1.186 kg.
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira com ABS.
Pneus/rodas: 205/55 R17.
Suspensão: dianteira tipo MacPherson com rodas independentes, amortecedores hidráulicos, molas helicoidais, barra estabilizadora e braços oscilantes inferiores, traseira com eixo de torção e barra estabilizadora, rodas semi-independentes, amortecedores hidráulicos e molas helicoidais.
Tanque de combustível: 50 litros.
Porta-malas: 358 litros.
Preço: R$ 136.990.
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