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Automotor
Picape intermediária da Ram Rampage está disposta a brigar no segmento das médias
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Na versão básica Rebel, o estilo off-road ganha destaque na Ram Rampage | Luiza Kreitlon/AutoMotrix
As picapes andam embaladas no Brasil. As grandes representam o topo do segmento – no qual estão as Ram 3500, Classic, 2500 e 1.500, a Ford F-150 e a recém-lançada Chevrolet Silverado. Mas custam na faixa de R$ 500 mil e ainda representam um nicho de mercado – somaram 8.164 emplacamentos de janeiro a outubro deste ano. São as compactas que concentram a maior parte dos negócios – foram 136.735 picapes pequenas vendidas nos dez primeiros meses deste ano. Isso, apesar do segmento ser disputado por apenas dois modelos: a Fiat Strada e a Volkswagen Saveiro. Atrás das compactas, estão as médias, com chassi em longarinas – Toyota Hilux, Chevrolet S10, Ford Ranger, Mitsubishi L200 Triton, Volkswagen Amarok e Nissan Frontier –, que ultrapassaram os 98 mil emplacamentos de janeiro a outubro. As médias são seguidas pelas picapes intermediárias, com chassi em monobloco e posicionadas entre as compactas e as médias. Composto por modelos como Fiat Toro, Ford Maverick, Chevrolet Montana e Renault Oroch, o segmento emplacou mais de 82 mil unidades nos dez primeiros meses de 2023. Uma característica comum às picapes intermediárias é a capacidade de “roubar” clientes tanto das versões básicas das médias quanto das topo de linha das compactas. E os consumidores de picapes médias são um dos focos principais da Ram Rampage. Com pré-vendas iniciadas em junho deste ano, a intermediária da marca norte-americana do grupo Stellantis está disponível em três configurações – a Rebel, a Laramie e a “top” R/T.
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A Rampage tornou-se o quinto veículo a sair do Polo Stellantis de Goiana (PE), onde já são montados os Jeep Renegade, Compass e Commander e a Fiat Toro. Com a última, compartilha itens da arquitetura sobre monobloco. O primeiro produto “made in Brazil” da Ram tem 5,03 metros de comprimento, 1,88 metro de largura, 1,78 metro de altura e 2,99 metros de entre-eixos. É nove centímetros mais comprida, quatro centímetros mais larga e cinco centímetros mais alta que a “colega de linha de montagem” Toro, e tem o mesmo entre-eixos. Parece bem maior que a picape da Fiat, por conta daquilo que os designers automotivos chamam de “size impression” – um desenho feito para passar a sensação de porte superior aos volumes do carro, com uma carroceria “musculosa”. Na comparação com as picapes médias, a Rampage é 34 centímetros mais curta que a Ranger, 33 centímetros mais curta que a S10 e 29 centímetros mais curta que a Hilux – o suficiente para torná-la interessante para vagas de estacionamento não tão generosas.
Na Rebel, o estilo lameiro ganha destaque, e o visual imponente da Rampage é reforçado pelo uso extensivo de peças externas com acabamentos em preto e grafite. Em todas as configurações, os conjuntos ópticos dianteiros horizontalizados são inteiramente em leds, enquanto os faróis de neblina, posicionados na parte inferior dos para-choques, têm função “cornering” (acompanham a curva). Atrás, as lanternas verticalizadas, também em leds, trazem grafismos que, quando iluminados, remetem à bandeira dos Estados Unidos. O logo “Ram” aparece em preto, na tampa da caçamba. Nas versões com o motor Hurricane 4, o escapamento é duplo.
A tarefa de fazer da Rampage a picape mais potente e mais veloz fabricada na América do Sul cabe ao motor Hurricane 4, o mesmo que equipa o Jeep Wrangler. Importado dos Estados Unidos, foi aplicado pela primeira vez a um veículo produzido no Brasil. Parte da família GME (sigla inglesa para motor médio global) da Stellantis, o propulsor de 2,0 litros a gasolina de quatro cilindros em linha gera 272 cavalos de potência e 40,8 kgfm de torque. Todo feito em alumínio, conta com injeção direta, duplo comando variável de válvulas e turbocompressor “twin-scroll” de baixa inércia. Na versão Rebel, a aceleração de zero a 100 km/h é feita em 7,1 segundos, com velocidade final de 210 km/h. No volante, há o botão Sport, que altera o visual do quadro de instrumentos digital, torna mais rápidas as respostas do acelerador e da direção e programa as trocas de marchas em giros mais altos. O outro propulsor da Rampage, disponível nas configurações Rebel e Laramie, é o Multijet Turbo Diesel, de 2,0 litros, o mesmo adotado no Compass, no Commander e na Toro, que entrega 170 cavalos de potência e 38,8 kgfm de torque. Todas as Rampage têm câmbio automático de 9 marchas, com seletor giratório – como na Ram 1500 – e opção de trocas manuais em aletas no volante. A tração é sempre 4x4 sob demanda, com opção de reduzida acionada em um botão no console central.
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Com arquitetura MacPherson na frente e multilink atrás, as suspensões da Rampage são independentes nas quatro rodas. Na Rebel, são 26,4 centímetros de vão livre em relação ao solo, com a aptidão para o fora-de-estrada reforçada pelos pneus All Terrain 235/65 R17. Em todas as Rampage, os freios têm discos ventilados nas quatro rodas. Nos aclives, há o Start Assist (para partida em rampa) e, nas descidas íngremes no off-road, atua o Hill Descent Control (HDC). Com revestimento plástico, a caçamba tem 980 litros de capacidade e leva 1.015 quilos nas configurações a diesel e 750 quilos com o propulsor a gasolina.
Os equipamentos de segurança incluem sete airbags (frontal, lateral dianteiro, de cortina e de joelhos para o motorista), controle de estabilidade, mitigação de rolagem da carroceria, comutação automática do farol alto e monitoramento da pressão dos pneus. Entre os auxílios à condução, estão o controle de velocidade adaptativo com stop&go, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência e detecção de pedestres e ciclistas, monitoramento de pontos cegos, detecção de tráfego cruzado traseiro e alerta de saída de faixa com correção. O Ram Connect oferece assistência em situações de emergência. Completam os itens de série a partida remota na chave, o sistema Keyless Enter’n Go, o retrovisor eletrocrômico, os sensores crepuscular e de chuva e os retrovisores externos com rebatimento elétrico.
Os preços partem de R$ 244.790 na Rebel Turbo Diesel e de R$ 254.790 na configuração avaliada, a Rebel Hurricane 4. Acima dela, há a Laramie Turbo Diesel, a R$ 256.990, a Laramie Hurricane 4, a R$ 265.990, e a R/T, a R$ 277.490. Preços que valem apenas para a cor sólida Vermelho Flame da versão avaliada – as metálicas Prata Billet, Azul Patriot, Maximum Steel, Preto Diamond e a perolizada Branco Pérola encarecem o valor em R$ 2 mil. Como opcional para todas as configurações, é oferecido o Pack Elite – agrega som premium Harman Kardon, banco elétrico para o passageiro com 12 posições e iluminação Ambient Light na cabine –, por R$ 6 mil.
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Experiência a bordo
A chave do tamanho
Assim como ocorre na carroceria, o interior da Rampage adota a fórmula do “size impression” – as linhas e volumes ajudam a transmitir uma sensação de amplitude superior à da Toro, com a qual a picape da Ram compartilha a plataforma. As dimensões do habitáculo da Rampage dão a impressão de igualar as picapes médias de projetos mais antigos, como a Hilux e a S10. Na Rebel, os bancos são revestidos em couro artificial perfurado preto. O painel também utiliza couro artificial, assim como os painéis das portas, o apoia-braço central e o volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade.
O ar-condicionado digital, de duas zonas, inclui saídas para os passageiros de trás. O quadro de instrumentos digital configurável é de 10,3 polegadas e o monitor da central multimídia Uconnect tem 12,3 polegadas, posicionado em estilo “flutuante”. Oferece conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. No console central, está um carregador de celular por indução. Há duas portas USB na frente e quatro para o banco traseiro – metade delas no formato “C”. A abertura da tampa da caçamba é elétrica.
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Impressões ao dirigir
Jeito destemido
De cara, a Rampage Rebel a gasolina impressiona pela baixíssima trepidação do motor e pelo bom isolamento acústico, apesar de vir equipada com pneus todo-terreno. Também não leva tempo para se perceber que sobra força ao Hurricane 4, um motor de 2,0 litros turbinado a gasolina, com quatro cilindros e 16 válvulas, com 272 cavalos a 5.200 rpm e 40,8 kgfm a 3 mil rpm. Na prática, toda essa força se traduz dinamicamente em retomadas vigorosas e ultrapassagens seguras. O modelo oferece dois modos de condução, o “Normal” e o “Sport” – uma opção “Eco” seria bem-vinda. Pelo menos o stop&go ajuda a aliviar o consumo no trânsito.
Contudo, como dizia um antigo slogan dos pneus Pirelli, “potência não é nada sem controle”. Na Rampage, o controle é assegurado pelos eficientes freios a disco ventilados nas quatro rodas e reforçado pela suspensão corretamente ajustada, que entrega um bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. Mesmo sem carga na caçamba, a Rampage não adota o estilo “saltitante”. O desempenho em curvas rápidas mostra-se convincente e confiável, bem assemelhado ao dos SUVs, que são igualmente altos e elevados em relação ao solo. Nos trechos na areia e na lama, a picape da Ram não se intimida. Há tração 4x4 sob demanda e também uma opção de reduzida. Enfrenta com altivez buracos, charcos, aclives e descidas – sem rangidas ou indecisões do conjunto.
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Ficha Técnica
Ram Rampage Rebel
Motor: Hurricane 4, gasolina, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.995 cm3, turbocompressor, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas no cabeçote
Potência: 272 cavalos a 5.200 rpm
Torque: 40,8 kgfm a 3 mil rpm
Tração: integral sob demanda
Câmbio: automático de 8 marchas
Direção: elétrica
Carroceria: picape compacta-intermediária com 4 portas e 5 lugares
Suspensão: independente MacPherson com molas helicoidais na frente e independente multibraços com molas helicoidais atrás
Pneus: 235/65 R17
Freios: discos ventilados nas quatro rodas
Dimensões: 5,03 metros de comprimento, 1,88 metro de largura, 1,78 metro de altura e 2,99 metros de distância de entre-eixos
Caçamba: 980 litros
Altura mínima em relação ao solo: 26,4 centímetros
Tanque de combustível: 55 litros
Peso: 1.906 quilos
Preço: R$ 274.790 na cor sólida Vermelho Flame da versão avaliada. O Pack Elite, disponível na unidade avaliada, acrescenta R$ 6 mil.
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