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Automotor
Maior montadora privada da China, a Great Wall Motors produzirá no Brasil utilitários esportivos e picapes com motores eletrificados
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Fábrica da cidade paulista de Iracemápolis será a maior operação da montadora fora da China | /Divulgação
Depois de anunciar, em julho do ano passado, a compra da fábrica onde foram produzidos de 2016 a 2020 os automóveis da Mercedes-Benz na cidade paulista de Iracemápolis, a fabricante chinesa Great Wall Motors anuncia seus planos para o Brasil. Com investimento acima de R$ 10 bilhões, a GWM promete produzir no país, a partir de 2023, uma linha composta por utilitários esportivos e picapes, na qual todos os modelos serão eletrificados – com motores híbridos (combustão mais elétrico) e híbridos plug-in (combustão mais elétrico que podem ser carregados na tomada). Veículos totalmente elétricos ficarão para uma fase posterior. Quarta base completa de produção da GWM no mundo e a primeira da América Latina, a fábrica de Iracemápolis será a maior operação da montadora fora da China. Com capacidade produtiva de 100 mil veículos por ano, o objetivo é ser um centro de exportação para a América Latina. Estimular a indústria local para alcançar um índice de nacionalização de 60% até 2025 é outra proposta da empresa chinesa. “A GWM produz carros com motores somente a combustão na China. No Brasil, identificou a oportunidade de nascer como líder na produção de veículos inteligentes eletrificados, ainda pouco explorados por aqui. A ideia é oferecer a experiência de dirigir um carro elétrico com a tranquilidade de ter o suporte de um motor a combustão para longas distâncias”, explica Oswaldo Ramos, Chief Commercial Officer (CCO) da GWM Brasil.
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Fundada em 1984, a Great Wall Motors tem atuação global em mais de 60 países e emprega 70 mil pessoas. Em 2021, a empresa comercializou 1,28 milhão de veículos no mundo. Maior empresa automotiva chinesa de capital 100% privado, a GWM prevê dois ciclos de investimento em Iracemápolis: cerca de R$ 4 bilhões de 2022 a 2025 e R$ 6 bilhões de 2026 a 2032, com previsão de geração de 2 mil empregos diretos até 2025. A empresa pretende lançar, no último trimestre deste ano, um utilitário esportivo híbrido que inicialmente virá importado da China, para posterior nacionalização. Os futuros modelos “made in Brazil” da Great Wall Motors ainda estão em desenvolvimento, já levando em consideração as preferências dos consumidores brasileiros. O primeiro será lançado no segundo semestre de 2023.
A Great Wall Motors contará inicialmente com três marcas, uma para cada linha de produtos. A Haval comercializará SUVs on-road, a Tank virá com SUVs off-road de luxo e a Poer terá somente picapes. Até 2025, no primeiro ciclo de investimento, serão apresentados dez modelos. Em um segundo momento, virá a linha premium Ora, que pretende ser a primeira marca 100% de carros elétricos no Brasil. Conforme a GWM, a opção por lançar no Brasil uma linha de produtos que terá somente utilitários esportivos e picapes atende à demanda do consumidor brasileiro. No ano passado, no país, houve crescimento de 26% na venda de SUVs e de 25% no segmento de picapes, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A experiência da Great Wall Motors nos segmentos também contou – é líder entre os utilitários esportivos médios no mercado chinês, o maior do mundo, com o modelo Haval H6, por 11 anos seguidos. A empresa ostenta ainda o título de quarta maior fabricante global de picapes médias, segmento que ela lidera na China há 24 anos ininterruptamente, onde a montadora tem uma participação acima de 50%.
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A fabricante chinesa adianta que os veículos com motorização híbrida adotarão opções de configuração que variam de 230 a 430 cavalos de potência e 42 a 78 kgfm de torque. Ainda segundo a GWM, tais números se traduzirão em aceleração de zero a 100 km/h de 7,2 segundos a apenas 4,8 segundos, dependendo da configuração. Em termos de consumo, a expectativa é que os modelos da marca se posicionem entre os 75 km/l e inacreditáveis 208 km/l, no uso combinado do motor elétrico com o motor a combustão como apoio. Tais níveis de consumo só são possíveis porque a GWM promete oferecer no Brasil o híbrido plug-in com a maior autonomia elétrica do mundo, de 200 quilômetros, capaz de recarregar 80% da sua bateria em apenas 30 minutos. Outra novidade tecnológica é que a Great Wall Motors já está iniciando parcerias para estudos de uso de etanol como fonte de geração de hidrogênio para veículos com célula de combustível.
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Todos os modelos produzidos pela Great Wall Motors no Brasil terão recursos de conectividade e sistemas semiautônomos de segurança Nível 2 de série, além de permitir o uso do comando por voz para controlar as funções do veículo, como fechar vidros ou abrir o teto solar. Os veículos da GWM no Brasil também estarão prontos para suportar o recurso de conectividade 5G. A GWM assegura que desenvolveu o primeiro sistema de veículo híbrido do mundo a contar com a tecnologia de atualização Over The Air (OTA), que trará atualizações de software e firmware pelo ar para o carro, não só para o multimídia como para todo o sistema do veículo.
Entrevista
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Aposta na ousadia
Oswaldo Ramos, CCO da Great Wall Motors, fala das estratégias para o Brasil
Executivo com ampla experiência em posições de liderança das áreas Comercial, Vendas e Marketing em grandes montadoras, como Ford e Peugeot, o engenheiro industrial paulista Oswaldo Ramos assumiu em outubro o cargo de Chief Commercial Officer (CCO) da Great Wall Motors. Sua tarefa é ajudar a definir toda a estratégia comercial da empresa chinesa no Brasil. Segundo o executivo, alguns dos modelos que serão vendidos no país terão sua “avant-première” mundial em abril, no Salão de Pequim. Em agosto ou setembro, deverão ser apresentados no Brasil. As primeiras concessionárias da marca serão inauguradas, inicialmente, comercializando apenas um modelo importado.
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P- Por que produzir modelos híbridos no Brasil e não partir logo para veículos 100% elétricos?
R - Quando uma pessoa compra um SUV, normalmente, quer viajar com a família. Em um modelo 100% elétrico, há a necessidade de se planejar a viagem em torno dos pontos de abastecimento de energia. As pessoas têm medo de parar no meio do caminho, sem energia. Nos modelos híbridos, essa preocupação com a autonomia não existe. No Brasil, os híbridos plug-in, aqueles que têm condições de oferecer uma experiência de condução elétrica mais completa por terem baterias maiores, estão restritos ao segmento premium, de marcas como BMW, Audi, Volvo e Porsche. E nenhuma dessas marcas oferece 200 quilômetros em modo elétrico. A GWM é referência mundial em híbrido plug-in. Como a autonomia oferecida pelas baterias será de até 200 quilômetros em modo puramente elétrico, na maioria das situações, o motor térmico será apenas um suporte para ampliar a autonomia, caso seja necessário. Os veículos da Great Wall no mercado brasileiro terão motores térmicos 1.5 e 2.0 turbinados que trabalharão junto com os elétricos. O motorista terá realmente a experiência de dirigir um carro elétrico, sem que o motor a combustão fique entrando em ação a todo o momento, a menos que o motorista queira.
P - Os híbridos da Great Wall serão flex, rodarão também com etanol?
R - A marca desenvolve motores flex na China e eles estarão em breve nos modelos híbridos vendidos no mercado brasileiro.
P – Não será complicado trabalhar com quatro marcas diferentes – Haval, Tank, Poer e Ora – em um mercado no qual a Great Wall Motors é desconhecida?
R - Toda a comunicação de marca e das concessionárias usará a marca GWM, que tem de ser passada com força ao consumidor brasileiro. Haval, Tank, Poer e Ora são linhas de produtos. Dentro das concessionárias GWM, haverá um ambiente da Haval, um da Tank, um da Poer e um da Ora. As linhas de produtos têm personalidades próprias. Outras marcas tratam suas linhas de produtos como marcas independentes. O Mustang não têm o logo da Ford. Na Caoa Chery, há a linha de SUVs Tiggo e a linha de sedãs Arrizo. No Brasil, provavelmente, os modelos da Great Wall Motors terão o logo da linha e também o logo da GWM.
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P - Como será a formação da rede de concessionárias da Great Wall Motors?
R - Já fomos procurados por centenas de empresários do setor, que operam com várias marcas e espalhadas por todo o Brasil. A ideia é ter as primeiras lojas funcionando no final de setembro, quando chegará ao Brasil o primeiro GWM importado. Inicialmente, ofereceremos test-drives, mas as vendas devem começar mesmo no final do ano. Pretendemos ter 25 a 30 grupos de concessionárias, que ajudarão a criar uma rede com 100% de cobertura nacional. Levantamos 15 metrópoles e 97 centros de influência regionais onde efetivamente se vendem carros zero-quilômetro. São essas as 112 cidades onde pretendemos ter concessionárias – mais de uma nas maiores delas. No total, serão cerca de 130 pontos de venda no Brasil. Não teremos lojas enormes e faraônicas. Queremos que as concessionárias sejam prestadores de serviços funcionais e inteligentes.
P - A GWM já avisou que pretende atuar também no segmento de veículos por assinatura, no qual o consumidor não compra o veículo, mas paga uma mensalidade pelo uso. Como esse formato será viabilizado junto à rede de concessionárias?
R - É uma chance maravilhosa criar algo assim do zero. Às vezes, as pessoas querem manter o formato tradicional de comercialização porque têm medo da mudança. A maioria dos consumidores brasileiros pretende experimentar o formato de veículo por assinatura, mas poucos utilizam. Só entrarão na rede GWM os grupos que tiverem a cabeça aberta para esses novos formatos de comercialização. Quem não tem foco no consumidor, que não tem pós-vendas, quem não acredita em novas formas de varejo, como os carros por assinatura, não fará parte de nossa rede.
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