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Deixou saudade? Especialista revela porque as montadoras desistiram dos carros populares

Conceito criado no governo Collor, e que deu origem a clássicos como o Gol 1000, não vai voltar

Adriano Assis

17/01/2025 às 18:05  atualizado em 17/01/2025 às 18:08

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Chegada do Fiat Uno Mille, em 1990, mudou a história do mercado automotivo brasileiro

Chegada do Fiat Uno Mille, em 1990, mudou a história do mercado automotivo brasileiro | Divulgação/Fiat Brasil

No início dos anos 1990, o Brasil enfrentava a hiperinflação e sucessivas crises econômicas quando o governo Fernando Collor (1990-1992) criou a política de incentivo aos carros populares zero quilômetros. 

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Por decreto, o governo reduziu de 40% para 20% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos com motor de 800 a 1000 cilindradas (1.0). Nascia o carro popular

O conceito é de um produto de baixo custo, projetado para atender às necessidades básicas de transporte e ser acessível ao maior número de consumidores.

A Fiat correu e em 60 dias apresentou ao País o Fiat Uno Mille, uma versão mais econômica do Fiat Uno. O veículo rapidamente se popularizou e fez a concorrência se mexer. 

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Seus principais rivais foram o Chevrolet Chevette Junior (1992, aquele que não vinha com retrovisor direito), Volkswagen Gol 1000 (1993) e o Ford Escort Hobby 1000 (1993). O conceito caiu no gosto do brasileiro e passou a dominar as vendas. 

Modelos como o Gol e o Chevrolet Celta continuam em alta no mercado de usados, principalmente por serem considerados baratos e indestrutíveis.

Fim dos populares

Mas isso é coisa do passado. O conceito hoje é outro: carro de entrada. São mais simples, mas é difícil chamar de popular. O Fiat Mobi é o carro 0km mais barato do Brasil e não sai por menos de R$ 72,9 mil.

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A professora Adriana Marotti de Mello, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) avisa que o carro popular não volta mais.

Há uma questão para o fim dos populares que, para a doutora em Engenharia de Produção e pesquisadora de gestão de inovação e novas tecnologias na indústria automotiva, vai além dos custos de produção e mudanças de legislação, que tornaram obrigatórios itens como air bags e os freios ABS (desde 2014).

As empresas não querem. “Não existe mais esse mercado de carros populares. Ele não é rentável”, explica.

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Os antigos carros populares tinham margem de lucro baixa e precisavam se massificar, com alto número de vendas para garantir bom lucro. O Gol foi o carro mais vendido do Brasil por  27 anos consecutivos, de 1987 a 2014.

Hoje, o mercado prefere investir em carros com valor agregado e uma margem de lucro mais alta. “Você fabrica menos veículos, mas os vende com margem maior”, detalha a doutora. 

O governo Lula chegou, em 2023, a anunciar a volta dos carros populares, com um programa de incentivos fiscais, mas a queda nos preços foi tímida. Carro popular, de verdade, apenas no mercado de usados.

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