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Entretenimento
Com críticas a selvageria da elite e da polícia na época da Ditadura, obra é um dos maiores sucessos da banda de rock paulistana
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Capa do álbum "Cabeça Dinossauro" dos Titãs, com obra de Leonardo Da Vinci | Divulgação/Titãs
Pela primeira em vez em trinta anos, os sete integrantes da formação clássica dos Titãs (Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto) voltaram a tocar juntos no show em São Paulo, local onde tudo começou. Não à toa, os Titãs ficaram em 9º na lista dos maiores músicos da história de São Paulo. (Veja a lista completa clicando aqui). Em meio a inúmeros sucessos da banda, um dos destaques é o álbum "Cabeça Dinossauro", que desperta uma certa curiosidade sobre as artes presentes em sua capa. As imagens são obras do artista Leonardo Da Vinci. "Bichos Escrotos" e "Homem Primata", são duas faixas de destaque presentes no trabalho.
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O contexto do álbum com a arte
A imagem possui uma cabeça desproporcionalmente grande, apoiada num grosso pescoço, com um rosto enrugado e muitas linhas de expressão que aparentam um enorme ódio. A expressão dos olhos contribui para reforçar a ideia de brutalidade. A abertura da boca com os dentes à mostra passa a impressão de que está prestes a lançar um ataque feroz. Ou seja, ao visualizar a obra, tem-se um sentimento de que o personagem da capa do álbum remete à ideia de barbárie.
Na época de lançamento do álbum, o Brasil acabava de sair de uma violenta ditadura militar, marcada por torturas, violência policial e censura. Ainda em 1986, pouco após o fim deste período, a banda teve uma das canções, presente no citado álbum, intitulada “Bichos escrotos”, proibida de tocar em rádios. Na canção que leva o mesmo nome do álbum, Cabeça Dinossauro possui três estrofes, mas que pode ser resumida a três versos: “Cabeça dinossauro”, “Pança de mamute”, “Espírito de porco”, deixando de forma bem clara o que a banda gostaria de externar em meio as possibilidades interpretativas da canção.
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Com a desigualdade social ainda mais escancarada na época da ditadura, Cabeça Dinossauro tem como crítica principal o debate sobre uma classe privilegiada economicamente que pensa e se comporta com valores pré-históricos - como a brutalidade e barbárie - simplesmente por se considerarem "superiores" aos demais, apostando assim na violência como instrumento de dominação.
Ou seja, em resumo, a arte junto com as músicas escolhidas pela banda para incorporarem o trabalho do Cabeça Dinossauro, representa a selvageria da sociedade brasileira, na qual os animais gigantes, fortes, mais selvagens, fazem de alimento os mais frágeis, os mais desprovidos de meios de defesa, na perspectiva que os próprios seres humanos são alguns dos mais perigosos animais nesta luta.
Foi uma saída, em forma da arte do rock nacional, que os integrantes da banda Titãs encontraram de expressar sua raiva e descontentamento ao momento vivido pelos brasileiros, com letras inteligentes apresentando sequências de críticas ao governo e ao modo que a sociedade mais elitizada se portava contra os menos favorecidos.
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O trecho de "Bichos Escrotos" que diz "Bichos, saiam dos lixos/ Baratas me deixem ver suas patas/ Ratos entrem nos sapatos/ Do cidadão civilizado" ajuda a ilustrar de forma mais clara a ideia crítica da banda paulistana.
Assim como a letra de "Homem Primata" que afirma "Desde os primórdios/ Até hoje em dia/ O homem ainda faz/ O que o macaco fazia/ Eu não trabalhava/ Eu não sabia/ Que o homem criava/ E também destruía/ Homem primata/ Capitalismo selvagem", na qual também fica evidente a visão dos músicos sobre o cenário vivido.
Veja todas as músicas do álbum:
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Lado A
1. "Cabeça Dinossauro"
2. "AA UU"
3. "Igreja"
4. "Polícia"
5. "Estado Violência"
6. "A Face do Destruidor"
7. "Porrada"
8. "Tô Cansado"
Lado B
1. "Bichos Escrotos"
2. "Família"
3. "Homem Primata"
4. "Dívidas"
5. "O Que"
*Estagiário, sob supervisão da redação
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