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Carmen Miranda, desprezada pela intelectualidade, se tornou uma lenda brasileira

No aniversário de Carmen Miranda, a Gazeta relembra a trajetória grandiosa e conturbada de uma das artista brasileiras mais conhecidas no mundo

Bruno Hoffmann

08/02/2023 às 23:04  atualizado em 08/02/2023 às 23:21

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Carmen Miranda

Carmen Miranda | Reprodução

Carmen Miranda nasceu em uma pequena cidade portuguesa em 9 de fevereiro de 1909 – ou seja, há exatos 114 anos –, mas se tornou sinônimo de Brasil ao construir uma das carreiras internacionais mais bem sucedidas de uma artista nacional, seja como atriz, seja como cantora. Ela viveu apenas 46 anos, o suficiente para se tornar uma lenda do show business planetário.

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Ela fez uma carreira primeiro no Rio e, depois, nos Estados Unidos, para onde se mudou no fim da década de 1930. A artista chegou a ser a mulher mais bem paga de Hollywood, além de ser a primeira sul-americana com uma estrela na Calçada da Fama.

No cinema, Carmen participou de seis filmes no Brasil e 14 nos Estados Unidos, além de uma série de aparições para especiais de TV. Já na música gravou canções como No Tabuleiro da Baiana (composta por Ary Barroso), Tic-Tac do Meu Coração (Alcyr Pires Vermelho e Walfrido Silva), Tico-Tico no Fubá (Zequinha Barbosa) e Camisa Listada (Assis Valente). O seu estilo de canto era inimitável, apesar de muitas tentativas (frustradas) de tentarem se aproximar.

Seu estilo popular e carismático fazia a intelectualidade da época desdenhar da sua obra e de suas vestimentas. Em uma apresentação no Cassino da Urca em 1940, durante uma das voltas ao Brasil, foi vaiada pelo público, que a considerava àquela altura “americanizada” demais.

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Como resposta, gravou o samba Disseram que Voltei Americanizada (composto por  Luís Peixoto e Vicente Paiva), uma declaração de amor ao Brasil e, sobretudo, à brasilidade: “Mas pra cima de mim pra quê tanto veneno? / Eu posso lá ficar americanizada? / Eu que nasci com o samba e vivo no sereno / Topando a noite inteira a velha batucada...”

“O que a baiana tem...”

Por que, afinal, Carmen costumava usar turbantes ou um chapéu de sala de frutas na cabeça? De acordo com a escritora Tânia da Costa Garcia, autora de “O ‘it Verde e Amarelo’ de Carmen Miranda” (editora Annablume), foi a forma encontrada pela Pequena Notável – que costumava confeccionar as próprias roupas – para homenagear as negras baianas que costumavam levar o tabuleiro na cabeça pelas ruas do centro do Rio de Janeiro.

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Segundo o “UOL”, o vestuário foi adotado pela primeira vez em 1939, quando participou do filme Banana da Terra. No longa, ela fez uma interpretação antológica de “O que É que a Baiana Tem”, de Dorival Caymmi.

O estilo de Carmen era também criticado por passar uma imagem estereotipada do que seria o Brasil.  Tornou-se, porém uma marca indissociável dela como viria a ser mais tarde a camisa 10 de Pelé ou o violão de João Gilberto.

Morte

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Carmen Miranda foi encontrada morta em um corredor de sua casa em Beverly Hills na manhã de 5 de agosto de 1955. Na noite anterior ela havia gravado um episódio de The Jimmy Durante Show para a NBC. Foi vítima de um ataque cardíaco.

Há quem diga que a morte foi causada por anos de uso desenfreado de bebida e remédios, mas nunca se soube exatamente o que causou a ida precoce da estrela.

Seu velório, no Rio, foi um dos eventos populares mais fortes da história do Brasil. O cortejo fúnebre pelas ruas da então capital do País foi acompanho por meio milhão de pessoas. Uma das cenas mais impactantes foi quando o público, em uníssono, cantarolou um dos seus maiores sucessos:

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Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim
 

Ah! meu bem, não faz assim comigo, não
 

Você tem, você tem que me dar seu coração...

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